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  • Foto do escritorbarbarafcruz

status «artista freelancer»

Há já algum tempo que batalho com este "rotulo", ser ou não ser artista eis a questão....

Segui para as " Belas-Artes" em 2013 para dar voz a este rugido interior, esta chama artística que esvoraça todas as questões inerentes ao meu ser. E que mais poético ou ridículo isto vos faça soar, foi preciso uma grande dose de coragem e uma ambição desmedida de "querer ser diferente" para ir contra a corrente da sociedade, sim isto de querer ser artista e estudar arte é infelizmente - AINDA, um absurdo um preconceito quase promiscuo . Perguntam-me : então e no que é que vais trabalhar? Isso tem emprego? (rrr.... até me arrepio...) Somos um contrassenso , senão uns marginais, porque somos diferentes! E tenho muito orgulho nisso mesmo!

Mas voltando ao que interessa , toda a minha vida fui sonhadora, tenho noção que vivi grande parte da minha adolescência numa realidade paralela! E que bom foi esta sensação até ao fim do curso desenho, confesso que parte de mim secou por dentro quando tive que criar um CV e andar na busca ativa de um trabalho, onde ninguém responde de volta e onde as minhas competências são um mero entretenimento para quem de fato as lê! E confesso que isso fez-me esmorecer um pouco e principalmente pôs me a questionar o porquê da minha existência e de eu fazer isto a mim própria, lutar por um lugar no mundo da arte- na minha área (seja qual ela seja!) [Visto que arranjar um trabalho como caixa no supermercado ou numa loja é um cliché demasiado banal para quem quer ser tãao diferente... experimentei um call center - grande asneira.]Fiz de mim ainda mais pequena, e parei de produzir a minha craft. Com um mestrado em andamento e a planear um casamento tornou-se impossível para mim pensar no meu mundo fantástico, e seguir em frente, assim pensei eu. Deixei de acreditar em mim, nas minhas habilidades como artista até do próprio conceito "artista"- o que é isso hoje em dia? um tabu! Alguém que tem dinheiro e tempo de sobra e que quer convidar os socialite para a inauguração. Eu sou péssimista .

E na realidade isto colocou toda a minha vida em stand by, e derrepente algo se silenciou em mim e fazia falta, uma tristeza profunda...como se estivesse de luto... uma coisa horrível! E digo-vos isto porque foi uma parte da minha vida muito ambígua onde andava parte num êxtase de reconhecimento profissional com o mestrado e amoroso com o casamento e a outra parte gritava por dentro , que nada estava bem , quase que me sentia mal por me sentir tão bem - precisava de voltar ao meu meio-ambiente do atelier e não sabia bem como. E tal como um corte de cabelo indica mudança, no meu atelier quando mudo a posição da "mobília" também é! Voltei a pegar os trabalhos que tinha feito, reorganizei os meus portefólios e principalmente voltei aos meus rabiscos em A1 , que tanto fazia antes de entrar na FBAUL. E a certa altura encontrei-me . Não há sensação melhor no mundo ( a seguir a viajar!) que estar a trabalhar no meu atelier com as mãos na massa! E graças a este duelo de me ver\chamar como artista ou não, que atingi uma nova meta a XX Bienal de Cerveira, qual vou ter a honra de expor um trabalho que esteve tanto tempo encostado a um canto... e que de uma maneira quase profética fazia todo o sentido com o conteúdo do trabalho que tinha elaborado, «Egos Orgânicos» assim nomeio o meu projeto de maiores dimensões e que estará visível de 10 de Agosto a 23 de Setembro em Vila Nova de Cerveira.

E sim, sou artista em voo livre!


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